A diretoria do METABASE-BH participou na tarde de ontem do início efetivo das negociações com a Vale para o Acordo Coletivo de Trabalho 2023/2024. A reunião aconteceu na sede do Sindicato, com presença de RTs e gerentes de áreas operacionais da empresa.
Como sempre acontece, a Vale apresentou uma lista de dificuldades composta de pontos cruciais para a expectativa dos trabalhadores por um acordo coletivo justo. A empresa inicia o processo de negociação do Acordo Coletivo já implantando terror em cima dos trabalhadores, criando um clima de preocupação sobre direitos importantes que a Vale cita para cortar custos e dificultar ainda mais a sustentação de nossas famílias.
No primeiro ponto, a empresa alegou aumento de custo do programa de saúde, com preços elevadíssimos para o atendimento dos trabalhadores. Afirmou que o custo do programa de saúde come quase toda a “reguinha” de disponibilidade financeira para o acordo coletivo. A direção do Sindicato respondeu imediatamente, lembrando que o atendimento fica a cada dia mais difícil por descredenciamento de médicos e clínicas especializados. A empresa alega que o plano de saúde precisa da parceria com os trabalhadores para baixar custo, mas entendemos que os trabalhadores não têm como aceitar prejuízo de coberturas e atendimento, cabendo à gestão da AMS zelar pelos custos, com estorno de cobranças indevidas de clínicas e hospitais, impedindo que nosso plano seja sangrado pela ganância do mercado de saúde.
O segundo ponto de “dificuldades” diz respeito ao fator Vale para cálculo da PLR, afirmando que erraram quando idealizaram o mecanismo. Entendemos que a intenção de mudança não pode buscar o prejuízo dos valores de PLR, um dos principais motivos, ao lado do plano de saúde, de permanência de trabalhadores na empresa.
A empresa apresentou como terceira preocupação a contratação de profissionais de alta especialização, que dificultaria o acordo coletivo no sentido de impacto no reajuste da folha de salários. A direção do sindicato reagiu. Diretores cobraram treinamento interno e afirmaram que treinam estes profissionais “especializados” quando chegam na empresa.
No último e quarto ponto, a empresa afirma que errou no passado, quando vinculou o cálculo do “adicional de insalubridade” ao piso salarial, diferente do que é praticado no mercado que aplica a prescrição legal de cálculo sobre o salário mínimo. Entendemos absurda esta preocupação, pois o adicional remete a condição a trabalhadores que têm a saúde danificada em atividades insalubres. Estes trabalhadores estariam sendo penalizados duas vezes, com ameaças de cortes no plano de saúde e redução do adicional.
Lembramos também que a política adotada pelo governo federal irá aumentar gradativamente o valor do salário mínimo, com ganhos reais pela variação da inflação somada ao PIB de dois anos atrás, começando a encostar novamente no piso salarial da empresa.
Deixamos claro para a direção da Vale que não aceitaremos quaisquer mexidas nas cláusulas que representem prejuízo aos direitos conquistados pela categoria nos acordos anteriores.
A empresa já agendou nova reunião de negociação para o próximo dia 10 de outubro, de forma virtual. Os pontos discutidos serão imediatamente informados aos trabalhadores pelos boletins eletrônicos.